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Masoquismo na Psicanálise: Dor, Culpa e Desejo Inconsciente

Ilustração conceitual do masoquismo na psicanálise, representando a relação entre dor, culpa inconsciente e estrutura neurótica segundo Freud.

Introdução

Masoquismo na psicanálise é um dos temas mais complexos e intrigantes abordados por Freud e seus sucessores. Longe de se restringir a aspectos sexuais, essa noção se entrelaça com estruturas clínicas, desejos inconscientes e mecanismos de sofrimento que desafiam a lógica do prazer. Compreender o masoquismo na psicanálise é mergulhar na delicada articulação entre pulsões de vida e de morte, culpa inconsciente e necessidade de punição. Neste artigo, vamos explorar como esse conceito se manifesta na prática clínica e por que ele é central para entender o funcionamento psíquico do sujeito neurótico.


A Economia Psíquica do Sofrimento

Freud inicia o texto afirmando que, do ponto de vista econômico, a existência de tendências masoquistas na vida instintiva é enigmática. Isso porque, se o princípio do prazer visa evitar o desprazer, por que o sujeito insiste no sofrimento? A resposta se complexifica à medida que o autor propõe que nem toda dor é sinal de alerta: em muitos casos, ela se torna fim em si mesma.

O masoquismo, portanto, revela uma economia psíquica que transcende a lógica da busca pelo prazer. Freud identifica três formas distintas de masoquismo: o erógeno, o feminino e o moral. Cada uma dessas manifestações está relacionada a estruturas específicas de subjetivação e formas de lidar com o desejo e com o interdito.


As Estruturas Psíquicas e o Sofrimento

O texto nos conduz por uma reflexão importante sobre as estruturas psíquicas. Na teoria freudiana, o sujeito pode se constituir como neurótico, psicótico ou perverso, a partir do modo como se relaciona com o Édipo e a castração. No caso do neurótico, por exemplo, o sofrimento decorre da submissão ao desejo do Outro e do medo da castração.

Esse ponto é especialmente relevante para os psicanalistas em formação e em atuação clínica. Compreender como essas estruturas operam permite uma escuta mais afinada, sobretudo quando o paciente apresenta sintomas de autossabotagem, relações fracassadas ou comportamentos compulsivos.

Para aprofundar essa leitura, recomendamos o artigo O papel do inconsciente nas nossas decisões, que discute como o inconsciente interfere diretamente em nossas escolhas cotidianas, inclusive naquelas que parecem irracionais.


Prazer na Dor?

A questão central do texto gira em torno da aparente contradição entre a busca pelo prazer e a escolha pelo sofrimento. Freud propõe que, em alguns sujeitos, a dor deixa de ser apenas um sinal de alerta e passa a ser um objetivo. Isso se conecta diretamente ao conceito de pulsão de morte, que busca o retorno ao estado inorgânico, à quietude.

O masoquismo moral, por exemplo, se destaca entre neuróticos: o sujeito se culpa de forma inconsciente por algo indefinido e sente que deve pagar por isso com sofrimento. Ele encontra, na dor, uma espécie de alívio psíquico, um equilíbrio precário diante da culpa.

Essas ideias são aprofundadas no vídeo O problema econômico do masoquismo, uma aula comentada que discute como Freud articula prazer, culpa e repetição dentro da clínica.


A Clínica Psicanalítica e a Necessidade de Sofrer

Freud aponta que muitos pacientes não querem, de fato, abrir mão do sofrimento. Eles chegam ao consultório com um “objeto precioso”, uma dor que lhes confere identidade. O papel do analista, então, não é tirar essa dor de forma abrupta, mas ajudar o sujeito a compreender por que ela é tão valiosa.

Esse ponto é crucial para a escuta clínica. O sintoma não deve ser visto como inimigo, mas como uma tentativa do sujeito de dar sentido à sua existência. Como destaca o autor, a cura vem pelo amor, pelo pertencimento e pela possibilidade de resignificar a dor através da transferência.


O Sofrimento como Forma de Vida

Em muitos casos, o masoquismo se manifesta como estilo de vida. Há sujeitos que escolhem profissões, relações ou contextos nos quais o sofrimento é constante. Isso pode ser entendido como uma forma inconsciente de punir-se, de viver em constante expiação.

O masoquismo e psicanálise, nesse sentido, não julga o sintoma. Ela escuta, compreende e oferece ao sujeito a possibilidade de elaborar seu sofrimento de outra forma. Como afirmou Freud, o masoquismo não é patológico por si só — ele se torna adoecedor quando impede o sujeito de viver.


Considerações Finais

A leitura de “O problema econômico do masoquismo” nos leva a refletir sobre a complexidade do desejo humano e as estratégias psíquicas de enfrentamento do sofrimento. Ao compreender as diferentes formas de masoquismo, o analista amplia sua escuta clínica e sua capacidade de acolher o outro em sua singularidade.

Ao trazer esses conceitos para o cenário contemporâneo, percebemos como o narcisismo moderno se articula com a dor, o vazio e a repetição de padrões autodestrutivos. A psicanálise, mais uma vez, nos convida a olhar para o sintoma como expressão legítima do inconsciente — e a oferecer espaço para que ele seja escutado.

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