Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

A Dor Silenciosa do Vestibular: Depressão no Jovem Estudante

Jovem estudante sentado sozinho em sala de aula, com expressão de angústia, representando depressão e ansiedade

“Não sei se vou conseguir. E se eu fracassar?” Essas são frases comuns que ecoam no consultório psicanalítico quando o paciente é um jovem às vésperas de grandes provas. A depressão no jovem estudante é um fenômeno cada vez mais frequente em tempos de pressão escolar, exigência familiar e uma sociedade obcecada por resultados. E no centro desse processo, o vestibular se torna, muitas vezes, um palco de sofrimento psíquico profundo.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a depressão é a principal causa de afastamento escolar entre adolescentes. Além disso, o suicídio já é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Esses números assustam, mas também revelam algo importante: o sofrimento psíquico juvenil não pode mais ser ignorado.

Neste artigo, vamos compreender, sob o olhar da psicanálise, como a depressão no jovem estudante e a ansiedade afetam os jovens, especialmente em contextos de alta exigência como o vestibular. Além disso, vamos refletir sobre o papel da família, da escola e da escuta clínica diante desse sintoma que muitas vezes se manifesta no silêncio.

A psicanálise e a escuta do jovem com depressão

Diferente de abordagens que buscam “corrigir” comportamentos, a psicanálise oferece um espaço de escuta, onde o sintoma é tratado como mensagem. Quando um jovem entra em estado depressivo, ele não está apenas “triste”. Pelo contrário, ele pode estar respondendo a uma cadeia de exigências impossíveis, a ideais inalcançáveis e a um profundo sentimento de inadequação.

Como afirma Lacan, “o desejo do homem é o desejo do Outro”. O jovem deseja corresponder às expectativas dos pais, da escola, da sociedade. No entanto, o que acontece quando ele não consegue ou nem sabe o que esperam dele?

Portanto, é preciso pensar: como acolher esse jovem sem reduzi-lo a um diagnóstico? Como escutar o que está por trás do sintoma?

pressao-escolar-e-ansiedade-no-vestibular

O jovem, o vestibular e o excesso de exigências

O sistema educacional atual se estrutura como uma fábrica de desempenho. A escola valoriza notas, rankings, aprovações. As famílias muitas vezes repetem esse discurso, projetando nos filhos sonhos não realizados ou cobrando resultados como prova de valor.

“Se você não passar, vai fazer o quê da vida?”. Frases como essa colocam o jovem em um beco sem saída: ele não pode falhar, não pode duvidar, não pode ser vulnerável. Esse excesso de exigência não raramente resulta em crises de ansiedade, insônia, distúrbios alimentares e sintomas depressivos.

Além disso, a rede social entra como um agravante: lá, todos parecem felizes, produtivos, belos e bem-sucedidos. O jovem se compara o tempo todo, e a sensação de fracasso cresce. Aquele que não se encaixa no padrão não se sente apenas diferente. Ele se sente insuficiente.

Para a psicanálise, esse sofrimento não se limita a uma questão de autoestima. Trata-se de um conflito entre o desejo do sujeito e o desejo do Outro. O jovem, nessa fase de formação identitária, ainda está construindo sua posição subjetiva. Quando tudo o que o rodeia exige perfeição e produtividade, qual espaço resta para a escuta do seu desejo singular?

Portanto, é essencial que pais e educadores compreendam que o valor do sujeito não está apenas em seu desempenho. Aliás, muitas vezes, o excesso de cobrança encobre o medo que o próprio adulto sente diante do fracasso.


Depressão no jovem estudante: sinais que não podem ser ignorados

A depressão no jovem estudante nem sempre se manifesta com choro ou tristeza visível. Muitas vezes ela aparece como apatia, isolamento, queda no rendimento, irritabilidade constante ou uma desconexão com o futuro.

Freud já nos alertava que o luto é uma resposta esperada à perda. Mas quando a perda é de sentido, de identidade, de desejo, o que se instala é a melancolia. O jovem não sabe nomear o que sente. Ele não sabe por que está mal. Contudo, o corpo sabe: surgem as dores, o cansaço, o “não querer sair da cama”.

A depressão é, muitas vezes, um grito abafado por expectativas externas. Ao não conseguir responder ao que os outros querem, o jovem pode perder a ligação com o próprio desejo. Ele deixa de desejar, porque tudo o que ele quer é parar de falhar.

Nesse contexto, sintomas como automutilação, abuso de substâncias e ideação suicida podem surgir como tentativas desesperadas de expressar o sofrimento que não encontra palavras. A depressão, portanto, é muitas vezes uma forma de resistência simbólica à imposição de um ideal inatingível.

Sendo assim, é urgente que instituições, famílias e profissionais da saúde estejam atentos a esses sinais. Pequenas mudanças no comportamento podem indicar um grande sofrimento interno. Além disso, é fundamental promover espaços seguros de fala e escuta.


Conclusão: é tempo de escutar com responsabilidade

A depressão no jovem estudante não é um modismo nem um exagero. É um reflexo das exigências de um mundo que cobra demais e escuta de menos. Portanto, é urgente que pais, escolas e profissionais da saúde mental se unam para criar ambientes onde o jovem possa ser mais do que um número, uma nota ou uma promessa de sucesso.

A escuta psicanalítica oferece espaço para que esse sofrimento possa ser simbolizado, ressignificado e, aos poucos, transformado em desejo. Quando o jovem é acolhido em sua dor, ele pode, enfim, reencontrar a potência de existir sem precisar se anular para agradar.

Se você é educador, familiar, estudante ou profissional da saúde, não ignore os sinais. Escute, acolha, oriente. E se necessário, indique acompanhamento psicológico ou psicanalítico.

🔗 Leitura complementar: O que a psicanálise diz sobre a ansiedade
🎥 Assista também: Canal do Instituto Marçal no YouTube

Escutar pode não mudar o mundo. Mas pode mudar o mundo de alguém.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Mais recomendados

Instituto Marçal

O Instituto Marçal nasceu para tornar a psicanálise acessível e transformadora. Com milhares de alunos impactados, evoluímos para uma plataforma on-line, sem perder nossa essência: oferecer conhecimento de qualidade para transformar vidas.

Contato

Atendimento digital 24h ou equipe disponível de segunda a sexta, das 10h às 19h. Escolha a melhor forma de se conectar conosco!

© Copyright 2024 Instituto Orlando Marçal. Todos os direitos reservados | CNPJ: 53.689.941/0001-40 | Política de Privacidade